segunda-feira, 29 de agosto de 2011
Antropologia do Tempo
sexta-feira, 1 de julho de 2011
E quem no trem avista um monte de horizontes escuta também os homens que no riacho cavam por entre as águas, com os pés na água e a pá na areia, calça molhada e blusa seca.
E o barulho dos trilhos como também do trem confundem os que estão na janela, respirando vagarosamente pois o vento não
dá folga.
Chegando logo, nesse castelo enorme de pedras e madeira. O trem resolve parar e eles descem confusos. Mostram-lhes um salão aonde música surge, há cabelos de todas as cores, muitas pessoas dançando e migrando pelos corredores escuros. Todos com sorrisos se trombam.
Rumando ao norte, vê-se dois rios, parados, completamente contidos. Aonde uns nadam e outros observam o reflexo da água nas margens com plantas, o reflexo da água no píer de madeira, na ponte, o sol escondido que banha tudo o que se via.
Você com medo de um susto, os outros agindo como se fosse tudo tão próximo do perfeito.
Um amigo de infância, agora crescido.
domingo, 12 de junho de 2011
quarta-feira, 12 de janeiro de 2011
domingo, 9 de janeiro de 2011
A Verdade. Prólogo
Quando o corpo, como entidade separada da alma, aceita uma verdade, esta deixa de ser virtual e passa a ser real. A realidade nada mais é do que uma verdade aceita e exteriorizada.
Há mecanismos que no momento desconheço, mas sei que os mesmos nos tornam fracos. Quantas verdades pairam sobre as nossas cabeças e nenhuma delas é nossa.
Em cada movimento de sobrancelha seu eu também vejo você e em cada palavra sua proferida eu também vejo você. Você está em tudo. Teu cheiro está somado ao ar que você mesmo respira. Ainda assim, quando a tua porta abre, de nada sua é a porta e de nada seu há na sala.
Ninguém senta na tua calçada e ninguém bebe da tua água.
Tudo ao seu redor é você, nada é seu.
Você não tem nada e é tudo.
Não sei como hei de salvá-los e nem se devo, porque epifania da verdade é tão imensa que o corpo não suporta, ele se mexe e mostra que sabe.
Tudo é feito de você, tua porta é sua se você conseguir ser sua porta.
Portanto eis a amargura da verdade.
A coisa mais influente e importante a todos os seres é a verdade.
Ela é o motivo de nossa existência.
Demanda-se um treinamento, uma aula que dará a ti mesmo.
Quando ventar, não sinta o vento. Confunda-se com o vento. Tente não saber se ele tromba com tua carne ou se tua carne se dissolve num meio tempo.
Seja você o vento e vente também.
A verdade sendo uma só, é única para toda e qualquer coisa, viva ou morta. Neste caso, me refiro como morta tudo o que você ainda não tentou ser.
sábado, 8 de janeiro de 2011
terça-feira, 4 de janeiro de 2011
segunda-feira, 3 de janeiro de 2011
domingo, 2 de janeiro de 2011
Há milhares de coisas que não podem acontecer conosco.
Se acontecerem, estaremos aniquilados.
Nada sabemos sobre nada. Amargura.
O corpo dança a música e caí.
Soa a nudez e penteia por entre as pernas os fios do laço.
As pernas se tocam e tremem se excitando esquecidas de ser um corpo só.
A parede derrete, mistura cor com chuva.
O piano, tão morno e cheio de ternura se deflorando por mãos rápidas e coerentes.
Geme e parece música.
Do concreto não emergem pássaros.
De vida só eu.
De cama e doença, o quarto.
Parem!
Não é música.
Ser água do mar.
O preço do exaltar é caro,é preciso definhar.
É preciso se fundir com a grama, sentir fome na morte.
Não há como se iluminar quando se está no claro.
A ardência que os olhos evitam, a vermelhidão que jaz na íris quando a luz se ascende assemelha-se ao pudor dos virgens.
Garanto que reconhecerá a alma mais próxima.
Aos que leem
Era mentira quando gritei que só escreveria para expor o meu repúdio pelas pessoas e por mim.
Que seria uma versão niilista das palavras que pairavam sobre os outros, daqueles que não sabem que quando proferidas as palavras, as escuto em silabadas, em camadas. As dissolvo e monto-lhes frases melhores com o mesmo intuito para deixa-las livres de abutres e então os engano. Em minha mente, as palavras são um mundo todo.
Eu menti acreditando na verdade. Me desculpo, mas eu fui pura.
Consigo escrever coisas felizes se elas em mim brotarem.
Hoje, que é depois de ontem, eu fecho os olhos.
Eu sinto que devagar se tornam tocáveis. Era tudo tão abstrato.
A minha mente sempre brincou de me enganar, de me fazer contorcer pelo chão da verdade.
Eu não sei o que é verdade, mas meu peito não há de me enganar assim.
No entanto não confio em mim da mesma forma como confio na blusa dele que me esquentou durante a noite.
Entendo que nada está certo, que do caos as tintas mancham as paredes. Mas é tudo tão cru.
Para quem se lembra do que já escrevi, quem já leu o que nunca postei, digo que a poesia vive e minha alma não é fluente num mundo aonde existem bocas.
Escreveria uma carta, mandaria um cartão postal, assinaria um contrato, escreveria Bom dia, Boa tarde, Boa noite, 5 pães por favor, Um feliz ano novo, Duas doses de vodka, por favor; Eu te amo, Quanto custa este livro?, Me desculpe não tenho trocado, Mude de canal, Estou infeliz, me abrace; Ah estou tão feliz, me abrace. Eu viveria bem, num mundo sem bocas, sem ouvidos.
Estou me rendendo em busca do aprender.
Pela primeira vez eu não estou só.
Herman Müller 01/01/2011
Eu pensei que era impossível.
Eu pensei que encontraria dentro de mim, que não viria revestido de osso e carne.
Pensei também que era devaneio dos desocupados.
Acreditei na minha independência, que eu não precisava.
Que se precisasse, procuraria num livro e se não achasse, escreveria um poema.
Eu pensei tanto tudo.
E então, eu me dei de frente com ele.
Na praça central, ele me abraçava a cintura e lia monumentos históricos em bom som enquanto arrumava os meus cabelos.
Ele sorria para mim sem ter motivos e me abraçava. Contou-me de seus livros, de seus filmes e quis saber dos meus, eu me deitei em seus braços e ele tirou de minhas mãos sem que eu percebesse, a lata já vazia de cerveja.
Em outro momento, havia dito que me amava e logo depois disse que sentira a minha falta por 19 anos. Os seus 19 anos sem mim.
Quando planejávamos o futuro, eu me dei conta da realidade, me virei e seriamente disse:
- Você vai me salvar desse fascismo?
Eu precisava de uma resposta. Eu estava em sua frente, olhando em seus olhos, segurando suas mãos e perdida no espaço tempo.
Ele me respondeu sem hesitar e com a calma dos anjos:
- Eu já estou salvando.
E eu soube que era verdade, repousei em sua voz.
Andávamos nos salvando das poças d’água por entre o chão, andávamos admirando as luzes de Natal e eu olhava para cima comovida com o reflexo das árvores, pensando estar me afogando num lago. E quando cambaleava, ele me segurava.
- Li um livro uma vez, que me fez cismar contra o céu. A imensidão do céu.
Ele me disse, segurando a minha mão enquanto eu dava passos bêbados.
Eu não queria ir embora daquela praça limitada por círculos de pedra e carros que bailavam por entre as ruas que as cercava.
Quando tive de deixa-lo, eu morri.
O amor da minha vida existia. E possuía olhos profundos.